Origens da Tradição Longmen

A Tradição Longmen (“Porta do Dragão”) é uma das mais conhecidas e respeitadas vertentes taoístas.

Wang Chongyang
Wang Chongyang (11 de janeiro 1113 – 22 janeiro 1170) [Calendário chinês: 宋徽宗政和二年十二月廿二 – 金世宗大定十年正月初四] (Chinês traditional: 王重陽; Chinês simplificado: 王重阳; pinyin: Wáng Chóngyáng) era da Dinastia Song taoísta, foi foi um dos fundadores do Taoísmo Quanzhen no século XII. É um dos cinco patriarcas do norte dessa escola de taoísmo. As novelas populares wuxia do Jinyong, incluem um personagem baseado em Wang Chongyang.

Vida
Nascido como Wang Zhongfu in 1113, Wang Chongyang cresceu em uma família rica e recebeu educação clássica e terinamento em artes marciais.

De acordo com a tradição, no verão de 1159 quando tinha 48 ano, ele encontrou dois taoístas imortais em uma taberna, Zhongli Quan e Lü Dongbin, que deram a ele ensinamentos sobre os rituais taoístas secretos. Então muda seu nome para Zhe e adota o nome taoísta Chongyang.

Em 1160 ele encontra um dos imortais que lhe dá cinco instruções escritas, chamadas “Ganshui xianyuan lu.” Segundo a tradição, essas instruções incluiam referências aos nomes de dois homens que mais tarde se tornariam seus discipulos, Ma Yu and Tan Chuduan. Em estado de delírio, Wang Chongyang cavou uma sepultuda para si Mount Zhongnan que ele chamou de “Túmulo dos morto vivo,” e viveu alí por três anos.

Após os três anos, Wang Chongyang cobriu o túmulo e construiu uma cabana sobre ele, chamando-a “Cabana da Perfeição Completa”. Nela morou por quatro anos, continuando seus estudos de taoísmo e ensinando a outros. Durante esse tempo, conheceu Tan Chuduan que se tornou seu discípulo, após ser curado de uma doença por Wang. Qiu Chuji e Tan viajaram com wang pelas cidades e vilas das redondezas, fundando cinco congregações taoístas. Mais tarde, os ensinamentos de Wang Chongyang foram reunidos noo “Ensinamentos da Perfeição Completa” e seu ramo de Taoísmo ficou conhecido como o Quanzhen (“Completa Perfeição”) escolar.

Em 1167, Wang Chongyang queimou a cabana, dançando e cantando. Depois viajou a leste para Shandong onde encontrou Ma Yu esua esposa Sun Bu’er que também se tornaram seus discipulos. Esses foram os últimos de seus sete discipulos conhecidos depois como “Os Sete Mestres do Quanzhen” ou Os “Sete Anciãos de Quanzhen”, ou ainda os “Sete Imortais”.
Escritos

Wang Chongyang foi o autor de muitos poemas de instrução taoísta. De acordo com a lenda, Liu Chuxuan passou a ser um seguidor de Wang Chongyang após ler um dos poemas de Wang num muro.

Seus escitos incluem:

“Uma Antologia da Perfeição Completa por Chongyang” (Chongyang quanzhen ji)
“Antologia dos Ensinamentos para a Transformação por Chongyang” (Chongyang jiaohua ji)
“Antologia das Dez Transformações pela Divisão das Peras” (Chongyang fenli shihua ji) (A frase “a dividir uma pêra” é um trocadilho para “separar”, foram escritos com o objetivo de convencer Ma Yu e Sun Bu’er em se separar com o fim de melhor cultivar o Dao)

Discípulos
Sun Bu’er e Qiu Chuji se destacam particularmente entre os discipulos de Wang Chongyang. Sun Bu’er é uma das mais importantes mulheres do taoísmo. Seu marido, Ma Yu, outro dos sete discipulos, sucedeu Wang Chongyang como líder do ramo taoísta Quanzhen.

Qiu Chuji, com o apoio de Genghis Khan, fundou o famoso Monastério da Nuvem Branca em Pequim. Genghis Khan concedeu a isenção fiscal a todos os mosteiros Quanzhen e colocou Qiu Chuji no comando de todas as religiões da China. Esse forte apoio ajudou o a Escola Quanzhen de taoísmo a florecer, sendo forte até hoje.

Cada um dos sete discipulos fundou sua própria linhagem no Taoísmo Quanzhen, que são as seguintes:

1.Ma Yu (馬鈺) fundou a linhagem Yuxian (Encontro com os Imortais)

2. Tan Chuduan (譚處端) fundou a linhagem Nanwu (Vazio do Sul)

3. Liu Chuxuan (劉處玄) fundou a linhagem Suishan (Monte Sui)

4. Qiu Chuji (丘處機) fundou a linhagem Longmen (Porta do Dragão)

5. Wang Chuyi (王處一) fundou a linhagem Yushan (Monte Yu)

6. Hao Datong (郝大通) fundou a linhagem Huashan (Monte Hua)

7. Sun Bu’er (孙不二) fundou a linhagem Qingjing (Clareza e quietude)

Qiu Chuji
Qiu Chuji (丘處機) (1148 – 1227 D.C.)

Mestre Qiu Chuji chujī) (1148 — 23 de Julho de 1227 D.C.) foi um mestre taoísta chinês da linhagem Quanzhen (全真道), fundador da linhagem taoísta da Porta do Dragão (龍門派) (Longmen pai). Seu nome taoísta é Qiu Chang Chun (丘長春), que significa “Eterna Primavera” (長春). Foi o mais famoso dos sete discípulos do taoísta Wang Chongyang, conhecidos na China como “Os Sete Imortais”.

Seu início no caminho taoísta
Qiu Chuji tornou-se taoísta aos dezenove anos. Aos vinte foi aceito como discípulo pelo Mestre Wang Chongyang, recebendo o nome taoísta Chang Chun (Eterna Primavera).

Após o luto pela passagem de Wang Chongyang, ocorrida em 1170, seus sete discípulos se dispersaram pela China. Qiu Chuji manteve uma vida ascetica, vivendo em cavernas e pedindo por comida durante treze anos em Panxi e Longmen.

Viveu por diversos anos nas “Cavernas da Porta do Dragão” (龍門石窟) (pinyin: Lóngmén Shíkū) referência que veio a nomear sua linhagem (Longmen significa em chinês “porta do dragão”). Neste local desenvolveu seus ensinamentos sobre a complementariedade do Buddhismo, Confucionismo e Taoísmo.

Em 1188, já famoso por sua sabedoria, foi convocado ao palácio imperial pelo Imperador Shizong (金世宗) , da dinastia Jin. Apesar dos convites para permanecer na corte como conselheiro insistiu em retornar

O Convite de Genghis Khan
Em 1219 Genghis Khan, fundador do Império Mongol e o maior dos conquistadores da Ásia, convidou Chang Chun a visitá-lo. Sua carta convite, datada de 15 de Maio de 1219, foi preservada como uma curiosidade histórica. Interessado nos conhecimentos de Chang Chun sobre como assegurar a longevidade, o formidável guerreiro Mongol aparece como um humilde discípulo da sabedoria, modesto e simples, quase socrático em seu auto-exame, atento às verdades profundas do viver e do governar.

O início da Viagem
Chang Chun obedeceu a sua convocação e partiu de seu lar em Shantung em Fevereiro de 1220, viajando para Pequim acompanhado por dezoito discípulos, dando início a uma jornada da qual levaria vários anos para retornar.

Descobrindo que Genghis Khan tinha se dirigido para o oeste em busca de novas conquistas, o sábio passou o inverno na capital.

Seguindo a jornada
Em Fevereiro de 1221 Chang Chun reiniciou sua viagem atravessando a Mongólia oriental até o acampamento do irmão de Genghis Khan, Ujughen, próximo ao Lago Byr, ou Buyur, na bacia superior do Kerulun-Amur.

Daí viajou para sudoeste subindo o Kerulun, cruzando a região de Karakorum, chegando aos Montes Altai, provavelmente passando perto do atual Uliassutai.

Após atravessar as Altai ele visitou Bishbalig, a atual Urumqi, e seguiu ao longo da face norte do monte Tian Shan até o Lago Sairam, Almalig (ou Kuija), até o vale de Ili.

Seguindo até Chu atravessa o rio para Talas, chegando à região de Tashkent e prosseguindo pelo rio Jaxartes (ou Syr Daria) para Samarcanda, onde permaneceu por alguns meses.

O encontro com Gengis Khan
Finalmente, atravessa as Portas de Ferro de Termite, acima do rio Oxos (ou Amu Daria), e seguindo por Balkh e pelo norte do Afeganistão Chang Chun chega ao acampamento de Genghis Khan próximo de Hindu Kush.

Após dois anos de viagem, Qiu Chuji encontra-se com Genghis Khan, que lhe pede conselhos sobre longevidade e sobre como governar bem. O aconselha a evitar matanças e a esvaziar a mente desapegando-se do excesso de desejos. Este encontro teria encorajado o Khan a agir de maneira mais suave em benefício a seus súditos.

A pedido de Genghis Khan, Yelu Chucai compilou as conversas entre os dois no “Registro do Auspicioso Encontro com Taoístas”.

Com seu reconhecimento e apoio Qiu Chuji estimulou a construção de diversos templos taoístas em toda a China, conquistando seguidores em todo o país.

O retorno a Pequim
Retorna para seu lar seguindo aproximadamente a mesma rota da viagem de ida, com pequenos desvios, como uma visita a Kuku-khoto.

Retornou a Pequim no final de Janeiro de 1224. Por ordem de Genghis Khan parte do terreno do antigo jardim imperial foi a ele cedido para a fundação de um mosteiro taoísta.

Após seu retorno Chang Chun viveu em Pequim no templo taoísta atualmente conhecido como Templo das Nuvens Brancas (Bai Yun Guan) até sua morte em 23 de Julho de 1227, sendo enterrado nolocal. Desde então, o templo é a sede do Taoísmo Quanzhen e da linhagem da Porta do Dragão.

O Registro da Jornada para o Oeste
Li Chi Chang, discípulo e companheiro de Qiu Changchun, registrou sua viagem ao encontro de Gengis Khan no livro “Jornada para o Oeste do Ser Verdadeiro Eterna Primavera” (长春真人西游记) (em pinyin: Changchun Zhenren Hsi Yu Ki).

Neste registro encontramos algumas das imagens mais vivas e fiéis da natureza e dos habitantes das regiões entre a Grande Muralha da China e Kabul, e entre o Mar de Aral e o Mar Amarelo.

De particular interesse são os esboços dos Mongóis; do povo de Samarcanda e arredores; o registro dos produtos e da fertilidade desta região e do vale Ili; a descrição de diversas cadeias de montanhosas, picos e desfiladeiros, como os Altai e o Tian Shan.

Cenários em miniatura com pequenas estátuas representando os diversos momentos de sua viagem estão expostos no Templo das Nuvens Brancas.

Nota: A autoria do livro Jornada para o Oeste (西游记) (“Xi You Ji”) é por vezes equivocadamente atribuída a Chang Chun pela semelhança do título da tradução ocidental deste livro com o título da tradução ocidental do registro da viagem de Chang Chun. O “Xi You Ji” foi escrito por Wu Cheng’en, trata das famosas aventuras do rei-macaco.

Obras de Qiu Chuji
“Nutrindo a Vida” (Shesheng Xiaoxi Lun)
“Indicações sobre o Grande Elixir” (Dadan Zihi)
“Ensaios do córrego Pan” (蟠溪集) (Panxi Ji)
“Registros de Auspiciosos Encoontros com Taoístas” (Xuanfeng Qinghui Lu)
“Ensaios Advogando o Tao” (Mingdao Ji)

fonte: Associação Taoísta do Brasil
http://www.filosofiataoista.no.comunidades.net/

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